Breve nótula sobre diálogo judicial e a sua importância na proteção multinível dos direitos

Autores

  • Eduardo António da Silva Figueiredo Universidade de Coimbra

Palavras-chave:

Diálogo Judicial, Internormatividade, Globalização, Proteção Multinível dos Direitos

Resumo

O dealbar do terceiro milénio encontra-se marcado pela gradual desterritorialização do direito, hoje concebido em rede e desenvolvido ao abrigo de práticas dialógicas diversas. O objetivo desta investigação é o de contribuir para a compreensão do fenómeno do diálogo judicial e da sua importância num contexto de proteção multinível dos direitos funda- mentais e humanos, no qual o relacionamento entre as diversas ordens jurídicas sobrepostas está longe de ser pacífico, gerando-se, não raras vezes, fortes tensões e conflitos que ameaçam a proteção efetiva dos direitos e liberdades individuais e demandam um maior e melhor diálogo. Concluímos defendendo que o futuro da jusfundamentalidade passa não só, mas também pela promoção de uma maior interação e diálogo entre operadores jurídicos, assim incrementando a sua tutela, a nível nacional, supranacional e universal.

Biografia do Autor

  • Eduardo António da Silva Figueiredo, Universidade de Coimbra

    Assistente Convidado da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC). Doutorando em Direito Público na FDUC. Investigador associado do Centro de Direito Biomédico da Faculdade de Direito da Universidade de Coim- bra (CDB/FDUC). E-mail de contacto: [email protected]

Referências

ACKERMAN, Bruce – The rise of world constitutionalism. Virginia Law Review. N.º 83 (1997).

BAQUER, Lorenzo – El dialogo Estrasburgo-San José sobre derechos humanos. Revista Española de Derecho Constitucional. N.º 101 (2014).

BATEUP, Christine – The dialogic promise: assessing the normative potential of theories of constitutional dialogue. Brooklyn Law Review. N.º 71 (2006).

BREYER, Stephen; SCALIA, Antonin – A conversation between U.S. Supreme Court Justices. New York University School of Law. N.º 3 (2005).

BRONZE, Fernando Pinto – O direito, a internacionalização e a comparação de sistemas jurídicos (ou a pessoalização como tarefa realizanda, a universalização como objetivo utópico e a relativização como coordenada metódica. In: BRONZE, Fernando Pinto (org.) – Analogias. Coimbra: Coimbra Editora, 2012.

BRONZE, Fernando Pinto – A problemática da reflexão juscomparatística (uma rápida visita ou... algumas notas para o roteiro de uma peregrinação). In: BRONZE, Fernando Pinto (org.) – Analogias. Coimbra: Coimbra Editora, 2012.

BUSTOS GISBERT, Rafael – XV proposiciones generales para una teoria de los diálogos judiciales. Revista Española de Derecho Constitucional. N.º 95 (2012).

CORREIA, Fernando Alves – Justiça constitucional. 2.ª Edição, Coimbra: Almedina, 2016.

DE VERGOTTINI, Giuseppe – Oltre il dialogo tra le corti. Bologna: il Mulino, 2010.

DUBÉ, Claire L’Heureux – The importance of dialogue: globalization and the international impact of the Rehnquist court. Tulsa Law Review. N.º 34 (2013).

FERRARESE, M. R. – Diritto sconfinato. Inventiva giuridica e spazi nel mondo globale. Bari: Laterza, 2006.

FIGUEIREDO, Eduardo – O Protocolo n.º 16 à CEDH: a caminho de uma institucionalização do diálogo judicial com o Tribunal de Estrasburgo?. Estudos de Doutoramento e Mestrado – Série M. N.º 8 (2018).

GERARDS, Janneke; FLEUREN, Joseph – Implementation of the European Convention on Human Rights and of the judgements of the ECtHR in national case-law. Portland: Intersentia, 2014.

GLENN, H. Patrick – Persuasive authority. McGill Law Journal. N.º 32 (1987).

HÄBERLE, Peter – Pluralismo y constitución: estudios de teoría constitucional de la sociedad abierta. 2.ª Edición, Madrid: Tecnos, 2017.

HALMAI, Gábor – The use of foreign law in constitutional interpretation. In: ROSENFELD, Michel; SAJÓ, András (ed.) – The Oxford Handbook of Comparative Constitutional Law. Oxford: Oxford University Press, 2013.

HUNTINGTON, Samuel J. – The third wave: democratization in the late twentieth century. Oklahoma: University of Oklahoma Press, 1991.

JAVIER ROIG, Francisco – Human rights and judicial dialogue between America and Europe: toward a new model of law?. The Age of Human Rights Journal. N.º 6 (2016).

KOCH, Charles – Judicial dialogue for legal multiculturalism. Mich. J. Int’l L.. N.º 25 (2004).

LARSEN, Joan – Importing constitutional norms from a ‘wider civilization’: Lawrence and the Rehnquist Court’s use of foreign and international law in domestic constitutional interpretation. Ohio State Law Journal. N.º 65 (2004).

LAW, David S.; CHANG, Wen-Chen – The limits of global judicial dialogue. Washington Law Review. Vol. 86, N.º 3 (2011).

LÓPEZ GUERRA, Luis – Diálogo entre el Tribunal Europeo de Derechos Humanos y los tribunales españoles. Coincidencias y divergencias. UNED Teoría y Realidad Constitucional. N.º 32 (2013).

LÜBBE-WOLF, Gertrude – Dialogue between judges, European Court of Human Rights, Council of Europe [Em linha]. 2012 [Consult. em 2017-09-10]. Disponível em http://www.echr.coe.int/Documents/Dialogue_2012_ENG.pdf

MACGREGOR, Eduardo Ferrer – What do we mean when we talk about judicial dialogue: reflections of a Judge of the Inter-American Court of Human Rights. Harvard Human Rights Journal. N.º 30 (2017).

MACHETE, Miguel Pena; SIPPEL, Marlene Sennewald – A crise do princípio da primazia do direito da união europeia – algumas considerações sobre o acórdão do tribunal constitucional alemão de 5 de maio de 2020. Revista de Concorrência e Regulação. N.º 42 (2020).

MACHADO, Jónatas – Direito da União Europeia. 3.ª Edição, Coimbra: Gestlegal, 2018.

MADURO, Miguel Poiares – Interpreting European law: judicial adjudication in a context of constitutional pluralism. European Journal of Legal Studies. Vol. 1, N.º 2 (2007).

MARTINS, Ana Maria Guerra – Tribunais constitucionais, tribunais europeus e direitos fundamentais. In: AMARAL, Maria Lúcia (org.) – Estudos em Homenagem ao Conselheiro Presidente Rui Moura Ramos – Vol. I. Coimbra: Almedina, 2016.

MCCRUDDEN, Christopher – A common law of human rights? Transnational judicial conversations on constitutional rights. Oxford Journal of Legal Studies. N.º 20 (2000).

MONIZ, Ana Raquel – Os direitos fundamentais e a sua circunstância. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2017.

MÜLLER, Amrei – Judicial dialogue and human rights. Cambridge: Cambridge University Press, 2017.

NEVES, Marcelo – Transconstitucionalismo: breves considerações com especial referência à experiência latino-americana. In: CORREIA, Fernando Alves; MACHADO, Jónatas; LOUREIRO, João Carlos (org.) – Estudos em Homenagem ao Prof. Doutor José Joaquim Gomes Canotilho – Vol. III. Coimbra: Coimbra Editora, 2012.

PASQUET, Luca – Dialogue or interaction? A non-cosmopolitan reading of trans-judicial communication. In: MÜLLER, Amrei (ed.) – Judicial Dialogue and Human Rights. Cambridge: Cambridge University Press, 2017.

PAUNIO, Elina – Conflict, power and understanding – judicial dialogue between the ECJ and national courts [Em linha]. 2010 [Consult. em 2017-09-02]. Disponível em http://www.helsinki.fi/nofo/NoFo7Paunio.pdf

QUEIROZ, Cristina – Direito constitucional internacional. Lisboa: Petrony, 2016.

RINCEANU, Johanna – Judicial dialogue between the European Court of Human Rights and national supreme courts [Em linha]. 2017 [Consult. em 2020-08-03]. Disponível em http://crime-in-crisis.com/en/wp-content/uploads/2017/06/54-RINCENAU-KOURAKIS-FS_Final_Draft_26.4.17.pdf

SCALIA, Antonin – Outsourcing american law: foreign law in constitutional interpretation. American Enterprise Institute for Public Policy Research (2009).

SILVA, Suzana Tavares da – Direitos fundamentais na arena global. 2.ª Edição, Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2014.

SLAUGHTER, Anne-Marie - A global community of courts. Harvard International Law Journal. N.º 44 (2003).

SLAUGHTER, Anne-Marie - A typology of transjudicial communication. University of Richmond Law Review. N.º 29 (1994).

TORRES PÉREZ, Aida – Conflict of rights in the European Union: a theory of supranational adjudication. Oxford: Oxford University Press, 2009.

TUSHNET, Mark – Taking the constitution away from the courts. Princeton: Princeton University Press, 2000.

VIOLANTE, Teresa – A adjudicação constitucional e o direito comparado. In: HESPANHA, António Manuel; BELEZA, Teresa Pizarro (org.) – Teoria da Argumentação e Neo-constitucionalismo. Coimbra: Almedina, 2011.

WALDRON, Jeremy – Foreign law and the modern ius gentium [Em linha]. 2012, p. 4 [Consult. em 2017-10-29]. Disponível em http://www.trinitinture.com/documents/waldron1.pdf

WATERS, Melissa – The future of transnational judicial dialogue. Am.Soc’ Int’l L. N.º 104 (2010), p. 465; CORREIA, Fernando Alves – Justiça constitucional. Op. cit., p. 13; e ainda, CANOTILHO, J. J. Gomes – ‘Brancosos’ e interconstitucionalidade. Itinerários dos discursos sobre a historicidade constitucional. 2.ª Edição, Coimbra: Almedina, 2012.

ZAGREBELSKY, Gustavo – La legge e la sua giustizia. Bologna: Il Mulino, 2008.

ZALAR, Bostjan – Basic values, judicial dialogues and the rule of law in the light of the charter of Fundamental Rights of the European Union: judges playing by the rules of the game. ERA Forum. N.º 14 (2013).

ZOETHOUT, Carla M. - The European Court of Human Rights and transnational judicial dialogue. Vienna J. on Int’l Const. L.. N.º 9 (2015).

Downloads

Publicado

17-03-2021

Edição

Secção

Vol. 1 N.º 2 (1): 2020

Como Citar

Breve nótula sobre diálogo judicial e a sua importância na proteção multinível dos direitos. (2021). Revista Ibérica Do Direito, 1(2), 113-135. https://revistaibericadodireito.pt/index.php/capa/article/view/10

Artigos Similares

1-10 de 47

Também poderá iniciar uma pesquisa avançada de similaridade para este artigo.