ALGUMAS QUESTÕES CONCERNENTES AO SIGILO BANCÁRIO NAS INFRAÇÕES ECONÓMICAS

Some Issues Concerning Bank Secrecy in Economic Offenses

Autores

  • Jorge F. Abrão de Almeida Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP

DOI:

https://doi.org/10.62140/x6ctvd80

Palavras-chave:

Direito bancário, Sigilo bancário, Direitos fundamentais, Infrações econômicas

Resumo

RESUMO: Na modernidade, o sigilo bancário ganha reconhecimento como uma das expressões do direito fundamental à privacidade, de modo que os dados do indivíduo em poder dos Bancos integram o âmbito de sua privacidade. O adequado posicionamento sobre o assunto exige, preliminarmente, a concepção do significado de direito à privacidade, que por sua vez dispensa da noção de direitos a personalidade, e a remarcação da distinção entre privacidade em sentido amplo, privacidade em sentido estrito ou vida privada e intimidade. O direito à privacidade, antes de tudo, é um direito da personalidade e este também pode ser chamado de direitos da pessoa, direitos essenciais ou inerentes à pessoa ou ainda direitos personalíssimos, já que suas próprias denominações são relativas à personalidade ou à pessoa. Levando em consideração o sigilo bancário e o direito à privacidade, a pesquisa busca avaliar os fundamentos legais e constitucionais que consagram ou limitam respectivos direitos no ordenamento jurídico português. Como resultado, a pesquisa concluiu que tais direitos não são absolutos e que é possível derrogar o direito ao sigilo bancário para combater a fraude e a evasão fiscal, entre outras infrações econômicas, em virtude da atual prevalência do interesse coletivo.
Palavras chaves: Evasão fiscal; Intereresse coletivo; Ordenamento Jurídico Português.


ABSTRACT: In modern times, bank secrecy is recognized as one of the expressions of the fundamental right to privacy, such that an individual's data held by banks falls within the scope of their privacy. Properly positioning on the subject requires, preliminarily, an understanding of the meaning of the right to privacy, which in turn derives from the notion of personality rights, and a clarification of the distinction between privacy in a broad sense, privacy in a narrow sense or private life, and intimacy. The right to privacy, above all, is a personality right, which can also be referred to as personal rights, essential or inherent rights to the person, or even personal rights, as their very designations are related to personality or the individual. Considering bank secrecy and the right to privacy, this research aims to evaluate the legal and constitutional foundations that enshrine or limit these rights within the Portuguese legal system. As a result, the research concluded that these rights are not absolute and that it is possible to derogate the right to bank secrecy to combat fraud and tax evasion, among other economic offenses, due to the current prevalence of collective interest.
Keywords: Tax Evasion; Collective Interest; Portuguese Legal System.

Biografia do Autor

  • Jorge F. Abrão de Almeida, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP

    Advogado formado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Possui experiência no universo jurídico, passando por diversos dos maiores escritórios de advocacia do país, bem como experiência internacional. Jorge é especialista em Direito Processual Penal pela Escola Paulista da Magistratura. Especialista em Direito Penal Econômico pelo IDPEE/Coimbra - Portugal. Especialista em Direito Penal pela Escola Superior do Ministério Público de São Paulo. Mestre em Direito Público pela Universidade Lusófona do Porto - Portugal.

Referências

Andrade, J. C. V. (1987). Os Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa de 1976. Coimbra: Almedina.

Athayde, A. de (1999). Curso de Direito Bancário. 2ª Edição. Vol I. Coimbra Editora.

Barbosa, P. E. H. (2005). Do Valor do Sigilo – O Sigilo Bancário, Sua Evolução, Limites: em especial o sigilo bancário no domínio fiscal – a reforma fiscal. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Vol. XLVI, n.º 2, Coimbra, Coimbra Editora.

Canotilho, J. J. G. (1998). Direito Constitucional e Teoria da Constituição. Coimbra: Almedina.

Canotilho, J. J. G. & Moreira, V. (1993). Constituição da República Portuguesa Anotada. 2ª Edição. Coimbra: Coimbra Editora.

Campos, D. L. et al (1997). Sigilo Bancário. Lisboa: Instituto de Direito Bancário, Edições Cosmos.

Carvalho, M. J. R. P. de; Gomes, R. A. & Paula, S. Lei Geral Tributária: anotada e comentada. Porto: Editora VidaEconómica.

Cordeiro, A. M. (2010). Manual de Direito Bancário. 4.ª Edição. Lisboa: Almedina.

Cordeiro, A. M. (2018). Direito Bancário. 6.ª Edição. Lisboa: Almedina.

Covello, S. C. (2001). O Sigilo Bancário. 2.ª Edição. rev. e atual. São Paulo: Livraria e Editora Universitária de Direito.

Cunha, J. M. D. da (2017). Medidas de Combate à Criminalidade Organizada e Económico-Financeira. Editora Universidade Católica.

Gomes, N. (2006). O segredo Bancário e Direito Fiscal. Edições Almedina.

Miranda, S. M. B. C. S. de (2007). O Segredo Bancário e a Administração Tributária. Tese de Pós-Graduação. Faculdade de Direito da Universidade do Porto. Porto, Portugal.

Monteiro, R. F. C. (2015). O Sigilo Bancário e a Fraude Fiscal: interrelação científica e dogmática. Dissertação de Mestrado. Universidade Nova de Lisboa. Lisboa, Portugal.

Portugal. Constituição da República Portuguesa de 1976. Assembleia Constituinte, 2 de Abril de 1976.

Portugal. Decreto-Lei n.º 298/92, de 31 de dezembro. Aprova o Registro Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras (RGICSF).

Portugal. Decreto-Lei n.º 398/98, de 17 de dezembro. Aprova a Lei Geral Tributária (LGT) que enuncia e define os princípios gerais que regem o direito fiscal português e os poderes da administração tributária e garantias dos contribuintes.

Portugal. Decreto-Lei n.º 794/76, de 05 de novembro. Aprova a política de solos. Promulgado em 22 de Outubro de 1976.

Portugal. Lei n.º 5/2002, de 11 de janeiro. Estabelece medidas de combate à criminalidade organizada e económico-financeira.

Portugal. Supremo Tribunal Administrativo. Acórdão. Proc. n.º 06668/10, de 29.09.2010.

Portugal. Supremo Tribunal Administrativo. Acórdão do Pleno. Proc. n.º 0897/08, de 28.04.2010.

Portugal. Supremo Tribunal Administrativo. Acórdão. Proc. n.º 0838/11, de 16.11.2011.

Portugal. Supremo Tribunal Administrativo. Acórdão. Proc. n.º 012/18, de 31.01.2018.

Portugal. Tribunal Constitucional. Acórdão n.º 278/95 de 31/05/1995, processo n.º 510/91.

Portugal. Tribunal Constitucional. Acórdão n.º 145/2014 de 13/02/2014, proc. n.º 521/2013.

Sanches, J. L. S. (1999). A situação actual do sigilo bancário: A singularidade do regime português. Estudos de Direito Bancário. Coimbra, Portugal.

Sanches, J. S. (1995). Segredo Bancário e Tributação do Lucro Real. Cadernos de Ciência e Técnica Fiscal nº 377, Janeiro-Março.

Silva, I. M. da (2010). Regime Geral das Infracções Tributárias, Cadernos IDEFF, n.º 5, 3.ª Edição. Coimbra: Almedina.

Sousa, S. A. de (2006). Os Crimes Fiscais - Análise dogmática e reflexão sobre a legitimidade do discurso criminalizador. Coimbra: Coimbra Editora.

Publicado

17-06-2024

Edição

Secção

Artigos Completos

Como Citar

ALGUMAS QUESTÕES CONCERNENTES AO SIGILO BANCÁRIO NAS INFRAÇÕES ECONÓMICAS: Some Issues Concerning Bank Secrecy in Economic Offenses. (2024). Revista Ibérica Do Direito, 4(1). https://doi.org/10.62140/x6ctvd80

Artigos Similares

1-10 de 54

Também poderá iniciar uma pesquisa avançada de similaridade para este artigo.